— O governo Dilma é um dos piores na reforma agrária. Além disso, só terra não resolve o problema. A desapropriação é um grande passo, mas precisa ser acompanhada de um conjunto de medidas, de infraestrutura a assistência técnica e compra da produção — disse Conceição.
Segundo ele, o alto volume de exportação de produtos agrícolas fez o governo acreditar que o modelo resolveria a questão da agricultura:
— A presidente está iludida com o agronegócio. Acha que resolveu o problema da agricultura, mas há problemas sérios a serem discutidos, como a desnacionalização das terras e a dominação da agricultura por empresas transnacionais.
Willian Clementino, secretário de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), disse que, se os assentamentos são precários, a culpa é do próprio governo:
— O termo favela rural é extremamente pejorativo e irresponsável — disse Clementino, acrescentando que há dificuldade nos assentamentos, mas que eles estão longe de serem favelas porque, ao ser dono da terra, o trabalhador deixa de depender de programas sociais se tiver acesso a assistência técnica e crédito de produção.
O professor José Maria Silveira, do Núcleo Interno de Estudos Agrícolas (NEA) do Instituto de Economia da Unicamp, disse que o governo enfrenta o problema da valorização da terra, motivada pela rentabilidade cada vez maior da agricultura. Ele lembra que a maioria dos assentamentos está no Norte e Nordeste, onde a má qualidade do solo e do clima dificultam o cultivo.
— Os assentamentos estão em regiões frágeis, com solo e condições climáticas desfavoráveis. No Ceará, no lugar de explorar babaçu, assentados cortaram as árvores para vender para construção civil, porque não conseguiam explorar de forma sustentável. Muitos assentados desmatam e criam gado, porque é mais fácil vender um animal — explicou Silveira.
Para Silveira, o governo está certo ao conter a criação de novos assentamentos e deve dar ênfase em adotar programas de desenvolvimento agrícola para os assentamentos já existentes.
— O PT já enterrou seus propósitos de esquerda. Tem liberdade para dar ênfase a programas de produção integrado, adaptados a cada região — afirmou, ao avaliar que a reforma agrária no Brasil não foi capaz de romper o ciclo de pobreza.
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