2 de fevereiro de 2013

PRF decide: feriados sem caminhões nas rodovias federais

Medida da Polícia Rodoviária Federal, que atinge estradas com pistas simples, pretende reduzir o número de acidentes

Estradas federais de pistas simples em todo o país terão proibição para o tráfego de caminhões grandes e pesados no período de feriados e de megaeventos. O Departamento de Polícia Rodoviária Federal (PRF) publicou ontem, no Diário Oficial da União, a norma restritiva que começa a valer a partir do próximo dia 8, sexta-feira de Carnaval. No Estado do Rio, as BRs 101 (trecho entre Rio Bonito e Itaboraí), 493 (Magé-Itaboraí) e 356 (São João da Barra) terão o trânsito desse tipo de veículos restringido. Segundo Stênio Pires, chefe da Divisão de Planejamento Operacional da PRF, a medida tem caráter preventivo. “O objetivo é diminuir acidentes que são típicos dessa época e reduzir a quantidade de engarrafamentos”, explica. Para Riley Rodrigues de Oliveira, especialista em competitividade industrial e investimentos da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), a proibição pode prejudicar, principalmente, as indústrias do Norte Fluminense. “O setor sucroalcooleiro e de automóveis deve ser afetado. O escoamento da produção é feito essencialmente por veículos pesados, que estarão proibidos de circular. Isso deve acarretar um aumento no preço dos fretes e produtos, devido ao tempo perdido nas rodovias”, destaca. Oliveira ressalta que a restrição não pode virar rotina. “O governo precisa investir em infraestrutura e não proibir o tráfego de carga, pois atrapalha a produção industrial”, diz o especialista. As proibições vão acontecer em feriados como Carnaval, Semana Santa, Corpus Christi, Proclamação da República, Fim do Ano e festas juninas. Caminhões bi-trem, veículos de carga e caminhões cegonha estão proibidos de circular nos dias e horários> estipulados pela PRF. Como principal impacto provocado pelas restrições, o presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (FITTR), Antônio de Freitas Tristão, prevê transtornos para os caminhoneiros, segundo ele, os mais afetados com a medida. “As estradas brasileiras não têm infraestrutura para receber os caminhoneiros. Não existem hotéis, dormitórios e nem pátios o suficiente para abrigar os caminhões nos horários de proibição”, destaca. Tristão diz ainda que a medida da Polícia Rodoviária Federal pode gerar problemas em diversos setores, principalmente no de comércio e serviços. “A decisão me parece absurda. Mesmo que a restrição seja por algumas horas, vai atrapalhar muito no fluxo de entregas de cargas e encomendas que precisam ser feitas”, afirma o presidente. Para o chefe da Divisão de Planejamento Operacional da Polícia Rodoviária Federal, Stênio Pires, as restrições não vão atrapalhar. “A restrição é pontual, em dias e horários específicos. Além disso, informamos a todos com antecedência, para que empresários possam se programar”, reitera. O mesmo esquema vai restringir o tráfego durante a Jornada Mundial da Juventude, que acontece em julho no Rio. De acordo com dados da PRF, são esperados quatro milhões de participantes e grande parte deve usar as estradas federais para chegar à cidade. “O número de carros de passeio nas BRs aumentará muito, então, reduzir o número de caminhões é importante para evitar acidentes”, diz Stênio Pires, da PRF. Quem descumprir a medida pode ser multado e o caminhão só seguirá viagem após o horário do término da restrição.

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