17 de março de 2011

Idosos: entidades querem produto único que reúne seguro saúde e previdência

Vários aposentados brasileiros que não planejaram financeiramente o futuro durante a juventude enfrentam problemas comuns: a falta de renda suficiente para manter o padrão de vida e a dificuldade de pagar um plano de saúde, que nesse momento da vida encarece significativamente.
Para tentar sanar esses problemas, a Fenasaúde e a Fenaprevi apresentaram à ANS (Agência Nacional de Saúde) uma proposta de criação de um produto misto, unindo seguro saúde e previdência.
“A intenção é que, enquanto a pessoa está trabalhando, tem renda boa, ela adquira um plano de saúde simultaneamente a um plano de previdência, ou seja, um produto conjugado que tem os dois benefícios. Óbvio que, além de pagar a mensalidade do plano, ela pagará uma parcela a mais que vai para a conta dela num plano de previdência aberta. Quando ela então estiver aposentada, com uma renda menor, ela retira desse valor acumulado um montante que a ajude a pagar boa parte da mensalidade do plano”, afirma o diretor executivo da Fenasaúde e ex-ministro da Previdência Social, José Cechin.
Planejamento
O diretor acredita que o produto teria grande adesão dos trabalhadores brasileiros. “Hoje temos 11 milhões de pessoas em planos de previdência aberta, e esses planos só existem há 10 anos. Então percebemos uma preocupação com a renda no momento da aposentadoria”, afirma.

Ainda segundo Cechin, essa consciência do planejamento para o futuro tem acontecido cada vez mais cedo. “Há 40 anos, os colegas tirariam sarro de um colega de faculdade que já contribuísse com a previdência. Hoje tenho certeza de que os colegas o olhariam como uma pessoa previdente, que dificilmente passará dificuldades médicas e financeiras na aposentadoria”.

Completando o raciocínio, o ex-ministro diz que isso é muito bom, uma vez que esse novo produto proposto pelas entidades traz melhor resultado se o trabalhador adquiri-lo o quanto antes. “Quanto antes começar, mais dinheiro será acumulado e os jovens já têm essa consciência. Houve uma importante mudança nas percepções das pessoas nos últimos anos. Atualmente, elas sabem que temos vidas cada vez mais longas, que as pessoas precisam de renda na aposentadoria para que a vida seja de qualidade e que o INSS vive em desequilíbrio. Isso fez com que várias pessoas pensassem no futuro a partir do momento que entram para o mercado de trabalho”.

Plano de saúde
Cechin faz ainda um alerta dizendo que a situação da saúde na terceira idade também pode ser muito preocupante. “Hoje 45 milhões de brasileiros têm plano de saúde, mas mais de um quarto desses planos é empresarial e boa parte vai perder esse plano, quando se aposentar. E aí como pagar o plano individual no momento que a renda é menor?”, questiona e responde: “Por isso, a ideia é que ela seja previdente e acumule uma boa poupança, que é um plano de previdência, de onde ela possa sacar o dinheiro para pagar boa parte do plano, quando precisar”.

Para que o novo produto – ainda sem nome e formatação definitiva – comece a ser oferecido aos brasileiros, o diretor diz que falta ainda que os agentes da ANS formulem os instrumentos legais, como projeto de lei, resoluções e atos normativos necessários.

“A Susep (Superintendência de Seguros Privados), que regula os planos de previdência, já discutiu esse assunto e acho que eles apoiam a iniciativa. Falta as duas entidades se juntarem para levar o projeto a quem realmente pode aprová-lo”, finaliza.(Tabata Pitol Peres)

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